segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Hoje é assim, amanhã quem sabe.

Resolvi dedicar alguns minutos de pausa da minha vida para escrever algumas palavras. Há algum tempo, venho me desligando do meu lado sensível e mergulhando nas exatidões desse mundo louco, venho derivando minha constante vida e transformando-a em nada, venho deixando meus pedaços se afastarem demais, o que torna mais difícil juntá-los. Venho perdendo tempo pensando demais, por incrível que pareça. Ando andando muito para frente, esquecendo de observar os passos que me levam a frente.
Ando voraz, faminta de informações que tornem o cérebro exponencialmente mais rápido, evoluído, pulsante e desenvolvido, ignorando a beleza do mundo, a simplicidade de um dia, o ritmo de uma bela música.
Sinto que contrai a doença da maioria, o olhar estático sobre as coisas, o andar despercebido, a janela fechada para os problemas. Sinto nojo de tudo que sou nesse momento, sinto medo da voracidade e da comodidade, da falta e do excesso, da ausência e da presença intensa.
Já esqueci o que é saudade, o que é amar, viver, meus esforços já não me satisfazem, preciso conseguir mais e mais, até não agüentar mais e o cansaço dominar, restando apenas à vaga lembrança de tudo que um dia aprendi, um fundo rabiscado, bem claro, quase branco infinito.
Já não consigo mais sair da realidade e passear na fantasia, fui, definitivamente plugada na realidade e estou recebendo a carga máxima de adrenalina suportada pelo corpo humano, meus olhos já não agüentam mais, minha mente está prestes a desligar, meu físico está se perdendo, sumindo, como se um vício me corroesse, uma tremedeira me toma as mãos e o coração, se ainda existe, bombeia pânico que rega abundantemente o cérebro.
Não sei quando será o fim, não sei se esse é apenas o começo, muito menos se vou agüentar até o meio de tudo. Só sei que a vida real não é nada agradável, não sei por que escolhemos vive - lá.

Até já.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Olhos Nos Olhos

Chico Buarque

Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.

Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais

E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.

Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.