Eu não acredito que mesmo com a cabeça cheia ainda tenho tempo de perceber o coração vazio. Não acredito que tudo ainda consegue me machucar, como tudo ainda me afeta de tal forma, que acabo de mãos atadas diante de um futuro sem rascunho.Já deixei de acreditar em destino, em futuro, em verdades, nas pessoas e mesmo assim sofro com tudo, ainda me perco e ainda me sinto sozinha.
Ainda choro sem motivos, choro por motivos sem finalidade, que para mim parecem o fim do mundo. Pensei que já tinha passado de certas fases da vida, certos momentos de desespero, de agonia, de total incoerência com meus ideais.
Não acredito que ainda não aprendi a dançar no ritmo da música do dia a dia, não consigo acreditar que ainda não aprendi a viver a vida como ela realmente é, ainda penso que é um filme, onde posso passar as partes ruins, até chegar nos momentos bons. O problema é, esse filme não tem legenda, ou algo que posso me guiar, existe apenas um começo, meio e fim e pior, eu já não sei mais como desenvolvê-lo.
Penso que é difícil chegar ao conceito de que nascemos sozinhos e vamos morrer sozinhos, difícil acreditar que são os poetas pessimistas que tem razão, que são as palavras de ódio e solidão que fazem total sentido. É mais difícil ainda entender que não somos capazes de encarar a vida sozinhos.
É estranho pensar, nem que seja por um segundo, que tudo que acreditamos é mentira, pior imaginar que a única coisa que faz sentido são nossos sonhos, que na maioria das vezes, mal sabemos quais foram.
O pior é saber que a única coisa que fazemos por aqui é matar o tempo, é matar aquilo que não nos pertence. Tão cruel, tão sutil e tão devastador.
O problema é saber que não podemos reiniciar, não podemos começar de novo e apagar erros que já cometemos, mas o pior mesmo é dizer que nunca errou.
Olhar o relógio e ver as horas correrem, olhar a sua volta e ver tudo mudar, ver todos passarem e você continuar parado no mesmo lugar.
É assassinar a você e principalmente os feitos que um dia você poderia realizar.
